NATAL
2016
Aos membros do clero,
e aos queridos Irmãos de nossa Província
Que a Paz de Nosso Senhor O Cristo seja convosco.
Após nossas últimas quatro semanas do Advento, início de nosso ano litúrgico, e de preparação para que Deus possa se fazer presente entre nós, é chegada a hora da celebração de seu nascimento, é chegado o Natal!
No Natal de Nosso Senhor somos chamados a comemorar o “verbo que se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:14) e assim somos remetidos ao tempo de seu nascimento em Belém na Galileia. A importância desta revelação, cuja data nos é desconhecida, acabou por ser festejada em coincidência com um momento muito especial de nosso planeta: o solstício de inverno no hemisfério norte e o periélio da órbita de nossa Terra, dois momentos muito especiais e simbólicos, o primeiro que marca a vitória da luz sobre as trevas e é perceptível pela maior duração dos dias sobre a duração das noites e o segundo que marca o ponto de maior proximidade de nossa casa, a Terra, com o Sol, fonte de toda vida que nos cerca. A vitória da Luz sobre as trevas e a proximidade com a fonte da Vida é muito apropriada como alegoria ao nascimento do Cristo. Da mesma forma como estes eventos cósmicos, já aconteciam muito antes da manifestação de Nosso Senhor, e ainda hoje se repetem, continuarão a se repetir por muito tempo; e de forma similar, Santo Agostinho teve a percepção que: “A idêntica coisa que agora chamamos Religião Cristã, existiu entre os antigos e nunca faltou desde o começo da raça humana, até quando da vinda de Cristo em carne, quando a verdadeira religião que já existia, começou a chamar-se Fé Cristã”, e que entendo continuará a se repetir até a Salvação do último homem.
Isso tudo nos faz refletir sobre a intemporalidade desses acontecimentos, e da possibilidade desta rememoração se transformar no revivenciamento destes Mistérios; não no passado, mas hoje; não em Belém, mas em nós; e assim, Cristo possa renascer entre nós para a glória de Deus e que sua presença seja a mais pura realidade em nossas vidas. Afinal, “...Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória” (Colossenses 1:27).
Um dos Bispos Fundadores de nossa denominação, o Reverendíssimo Monsenhor Charles Webster Leadbeater, em um texto sobre o Natal, extraído de seu livro “O Lado Oculto dos Festivais Cristãos” nos indica que:
“Não devemos esquecer que a vinda de Cristo tem outro aspecto: sua manifestação no coração de cada indivíduo, o desenvolvimento do princípio do Cristo dentro de nós. Existe um grande e glorioso mistério em tudo isto: que, entre a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e o grande Mestre do Mundo existe um maravilhoso relacionamento, bem como entre estes e o Princípio Crístico no homem; que muitas vezes damos o nome de Intuição. Mas isso significa muito mais do que a simples intuição; isso significa a Sabedoria que sabe, não através de um processo de raciocínio, mas sabe através de uma certeza interior. Cada homem deve desenvolver esta Intuição, pois o princípio Crístico que está em cada um de nós pode despertar, e está sendo despertado em nós, mesmo agora, e na medida em que ela se desenvolve, percebemos a verdadeira fraternidade entre os homens, porque percebemos a Paternidade de Deus. ”
Que o espírito natalino possa despertar a Intuição do Cristo que vive em nós e que em humildade possamos permitir a graça de seu nascimento, na manjedoura de nossos corações, afim de levarmos a fraternidade a todos os que nos rodeiam.
“Glória a Deus nos mais altos céus, e paz na Terra às pessoas que recebem a sua graça! ” (Lucas 2:14)
Esses são os meus mais sinceros votos de um Feliz Natal a todos os nossos Irmãos.
Fraternalmente em Cristo
Natal do ano de Nosso Senhor de 2016
Reverendíssimo Monsenhor Dom Marcelo Rezende
Arcebispo da Província Eclesiástica do Brasil
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