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PÁSCOA

2011

CARTA PASTORAL

Queridas Irmãs e Irmãos em Cristo:

Nestes dias de Semana Santa, onde o coração do fiel se torna mais receptivo à vida religiosa, nos perguntamos: Que lugar ocupa a Religião em nossas vidas?

A Páscoa, como todas as festividades religiosas, tem vários aspectos que são importantes para nós, seu aspecto histórico, simbólico, cosmogônico e talvez o mais importante que é a parte prática que ocupa esta grande comemoração religiosa em nossas vidas, em nossas mentes, no interior de nossos corações.

O Mistério Pascal nos fala da Ressurreição da vida sobre a morte, no mistério da morte e da ressurreição do Senhor. No entanto, como todo grande Mistério, podemos, no âmbito da mais ampla possibilidades de contemplar, tal Mistério, como a Ressurreição da Vida e da Luz que triunfam sobre as Trevas.

No hemisfério Norte, a Páscoa é geralmente o início, ou está próxima, da Primavera e desde tempos imemoriais, os festivais de primavera têm comemorado o despertar da Natureza e o surgimento vivificador da luz e do calor do Sol. Estes festivais representam, de forma simbólica, o ciclo evolutivo da vida divina.

Para os israelitas, a “Passagem do Mar Vermelho” formam a base de uma das celebrações mais importantes do ano (a Páscoa dos hebreus), que é comemorada no décimo quarto dia do mês de Nisan (primeiro mês do calendário eclesiástico judaico). Foi durante a celebração da Páscoa Judaica, que os cristãos chamam de “A Última Ceia” ou “A Ceia do Senhor”, que foi instituído um dos grandes sacramentos da Igreja: a Eucaristia.

Os Ritos de Páscoa - A revigorante luz do Sol

Inspirada pelo curso seguido pelo Sol a liturgia trata tanto do ciclo da Igreja como do ciclo astronômico. Depois de receber a luz atenuada do inverno, no Natal, sempre se referindo aos Mistérios, como é comemorado no Hemisfério Norte, vem a luz vivificante da Páscoa Florida. Nascido no mundo terreno, no Natal, quatro meses depois, cruzou o limiar misterioso do umbral, libertando-nos das paixões que impedem a nossa regeneração divina. Pelo menos, este poderia ser o processo de regeneração.

A Bíblia diz: “A alma do homem está no seu sangue”. No entanto, o homem deve galgar uma vida mais elevada: a vida espiritual! Se você não libertar sua alma, não poderá conseguir essa vida. Assim como os alquimistas tentavam transformar chumbo em ouro, do mesmo modo o místico tem de libertar sua alma das impurezas que se prendem a ela.

Na Páscoa celebramos também o triunfo da vida, ou seja, a vida emerge da morte. O período Pascal que sucede, após a Semana Santa, a Quaresma (período de preparação), convida-nos a perceber os sinais de nossa própria regeneração. Nosso corpo físico mostra uma ansiedade semelhante à que a alma sente quando deseja evoluir. A Quaresma é o período de purificação necessário e que todas as religiões criaram da sua própria maneira.

A Páscoa é celebrada no primeiro domingo após a lua cheia em Áries. Durante os primeiros séculos, apenas os neófitos eram batizados no dia de Páscoa, enquanto os catecúmenos eram batizados mais tarde, no domingo de Pentecostes.

Regeneração e Ressurreição

Áries é um signo do fogo. Para os hindus o fogo é Agni, e é reverenciado como um deus. Todos nós sabemos a importância do fogo na civilização. Desde épocas muito antigas se teve a idéia de que o fogo é uma dádiva de Deus: é por isso que todos nós sentimos a imperiosa necessidade estarmos puros diante do fogo, e participarmos no feriado de Páscoa, somente após termos nós purificado, mediante um sincero exame de consciência, que complementa a purificação do corpo durante a Quaresma.

Na igreja, o círio pascal representa a imagem de Cristo, a cera é o Seu corpo, o pavio, a Sua alma e a chama, Sua divindade. O símbolo completo comemora a união de Sua natureza divina e Sua natureza humana.

Ascendê-lo na Páscoa simboliza a ressurreição. Mais do que uma representação pictórica, esta imagem está viva. Os primeiros cristãos abençoam o fogo novo, na noite de Páscoa, porque acreditavam que o fim dos Tempos ocorreria durante esta noite. O novo fogo desta noite mística simboliza o Dia Eterno, quando já não teremos mais que desejar a Luz Divina, pois ela já estará nos iluminando.

Sua luz vivificante entre nós lembra-nos da sempre presente Luz Interior de Cristo, em nossos corações, a Luz do Amor perfeito, que, como uma eterna rosa na cruz, deve ser espalhado como fragrância ao nosso arredor, a Luz interior que ilumina a todo ser que vem à vida.

Também neste dia, deveríamos pensar e fazer um ato de reflexão em nosso coração, da mesma forma que, um ato de profunda gratidão ao Senhor Cristo, Vida e sustento de todas as Religiões do Mundo, o Senhor Perfeito do Amor, como é normalmente chamado em algumas Tradições, por Sua bênção sempre presente para o mundo. Nossos corações devem nesse período elevar-se ao Seu Amor. Os Santos de todas as épocas o veneraram e Sua Presença é a Esperança de Glória. O que representa nossas aflições perante a amorosa luz de seu olhar abarcante de Amor!  Seu legado ao mundo, o sacramento do pão e do vinho, o Sacramento do Seu Amor, é comemorado como o dia do Mandato.

O dia do Mandato, como é chamado na Quinta-Feira Santa, também é o dia da instituição, ou melhor, comemora a criação da Ordem, ou seja, o canal que o próprio Nosso Senhor Cristo, e em vida, instaurou, para que todos os demais meios de graça, os sacramentos, pudessem manifestar-se, portanto neste dia é uma tradição na Igreja também celebrar o sacerdócio, sem o qual, as pessoas, ou seja, a igreja, não poderia receber os dons espirituais internos dos sacramentos que o próprio Senhor instituiu. Que maior glória poderia ser recebida que ser canal, partícipe, meio humano, pelo qual o Senhor se manifestará por seu meio ao mundo.

Na profundidade do simbolismo e da Realidade espiritual do Pão e do Vinho e do Graal, temos um fato extraordinário de Cosmogonia, Senda Espiritual, Antropogênese, ou seja, no símbolo desses elementos sacramentais centrais da Santa Eucaristia, temos ao mesmo tempo o simbolismo da Construção do Universo, do homem e seu caminho de desenvolvimento espiritual.

Portanto, o símbolo do Cálice Sagrado é verdadeiramente Renovação Espiritual e está ligado ao Mistério da Ressurreição, onde o mistério da Vida, na evolução, para atingir a meta da evolução humana é claramente manifestado no Mistério da Ressurreição da Páscoa.

É na Páscoa que o homem encontra a verdadeira esperança de um futuro de Glória e de promessa, que desde a antiguidade é discorrida pelos Grandes Instrutores Espirituais, e reapresentada como esperança por Nosso Senhor.

Na Ressurreição está o mais sincero e o mais importante de nós mesmos. Porque Deus (o próprio Logos) foi crucificado na matéria para a nossa glória de existência Divina, pois mais distantes que estejamos do Caminho que conduz a esta realidade Suprema, que é Deus, por tortuosa que seja nossa vida atual, a Ressurreição é, portanto, a promessa de Vida sobre a morte da ignorância.

O Mistério da Tumba e do Sepulcro, como símbolo externo da ignorância humana, se iluminam quando a luz de Cristo (a Sabedoria de Deus) ilumina a alma e encontra-se ressurreta na glória Sempiterna de Deus, unindo-se a Ele, o Homem Eterno. Este é o símbolo da Páscoa.

Quando o homem interior, o Cristo em nós Esperança de Gloria, tenha emergido da escuridão dos nossos apegos, medos, egolatria e egoísmo, então a Ressurreição alcança sua verdadeira dimensão em nós, como dizemos em nossa oração de Páscoa que nós também algum dia chegaremos a Glória da Páscoa da Ressurreição.

Viver para o mundo sem ser do mundo, tentando realizar o Sagrado em tudo, vivendo uma vida diferente de entrega, Unidade, estar profundamente empenhado em produzir uma mudança profunda dentro de nós a partir do físico, psicológico e espiritual, que nos leve lentamente aos Pés do Sagrado. Essa é a verdadeira dimensão da Ressurreição dos mortos.

Que esse Cristo de Ressurreição brilhe em nós nesta Páscoa.

IN NOBIS REGNAT ILLE

Feliz Páscoa a todos!

 

Miguel Angel Batet

Bispo Comisaario para o Brasil

 



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